OS SURDOS TAMBÉM FALAM?: ASPECTOS SOBRE LÍNGUA DE SINAIS/ CULTURA SURDA PARA ESTUDANTES OUVINTES DE LIBRAS COMO SEGUNDA LÍNGUA

Autores

  • Bruno Gonçalves Carneiro Universidade Federal do Tocantins

Resumo

Uma proposta intercultural no ensino de línguas não apenas conduz o aluno ao reconhecimento do outro, mas a uma proposta dialógica possível. Conhecê-lo para assim conhecer-se; lidar com situações de forma empática, o que possibilita um intercâmbio entre os interessados e se veja outros modos de entender o mundo (CASAL, 1999). O presente artigo discute sobre línguas de sinais/ cultura surda e a abordagem do tema numa fase inicial de aprendizagem. Esteriótipos ainda permeiam as línguas de sinais e o surdo, fator complicador que interfere negativamente no processo de aprendizagem da libras como segunda língua por estudantes ouvintes (LEITE; MCCLEARY, 2009). As línguas de sinais são de modalidade gestual-visual. Suas palavras são produzidas pelo movimento das mãos, do corpo e expressões faciais, além de serem percebidas pela visão (MEIER, 2002). Ser surdo é pertencer a uma comunidade que faz significação de mundo a partir da diferença, longe do paradigma da deficiência. Os termos surdo-mudo, mudo, mudinho são pejorativos; representam a idéia da pessoa ouvinte como padrão de normalidade. Falar não se limita ao uso da língua oral; diz respeito à produção do falante que deve ser sempre analisada na relação de interação, independente da língua e da modalidade.

 

Biografia do Autor

Bruno Gonçalves Carneiro, Universidade Federal do Tocantins

Professor da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Porto Nacional, no curso de Letras Libras. Mestre e Doutorando em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás.

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Publicado

2019-07-02

Edição

Seção

ARTIGOS